O Primeiro Simpósio Ibérico de Conservação dos Ecossistemas Fontanais (SICEF) é organizado pela Sociedade Catalã de Ciências da Conservação da Biodiversidade (BioSciCat) com a colaboração da Fundació Catalunya - La Pedrera, e tem o apoio do Ministério da Transição Ecológica através da Fundació Biodiversitat, bem como da Agència Catalana de l'Aigua e do Governo da Catalunha.
O SICEF19 é promovido no âmbito do Programa Fonts Naturals da BioSciCat.
As fontes naturais revelaram-se recentemente como os focos de biodiversidade do ecossistema mediterrânico mais ricos em espécies. A água é tudo, aqui na paisagem mediterrânica. Também para a nossa espécie. Por isso, as nascentes constituem também um espaço único e essencial para o homem, de tal forma que a nossa relação com as fontes deu origem a uma expressão cultural de riqueza excecional.
Por outro lado, embora o destino de uma grande parte da biodiversidade ibérica pareça depender delas, é evidente que constituem um habitat extraordinariamente frágil e vulnerável: a continuidade dos afloramentos hidrológicos que tornam possível e promovem ecológica e biologicamente as fontes naturais pode ser seriamente ameaçada pelo impacto das alterações climáticas. Do mesmo modo, outras pressões, como sejam a sobre-exploração e contaminação dos aquíferos de que dependem, têm um efeito concomitante no desaparecimento e degradação do habitat. Para piorar a situação, a escassez da sua representatividade territorial em termos de superfície (quantitativamente mínima) e a sua evidente fragilidade física, são fatores que acentuam a sua vulnerabilidade. O facto é que se conhecem cada vez mais casos de desaparecimento de fontes naturais, e mesmo se documenta frequentemente o colapso de sistemas fontanais no seu todo. Nada se sabe sobre o ritmo com que se está a desenrolar a perda deste habitat e o custo biológico e ecológico que isso pode acarretar.
Inexplicavelmente, apesar da importância ecológica e biológica e da vulnerabilidade que o habitat parece ter, este tem-se mantido de facto, por diversas razões, fora do âmbito da estratégia europeia para a conservação da natureza e da biodiversidade, articulada principalmente através das Diretivas Habitats (92/43/CEE), Aves (79/409/CEE) e Quadro da Água (2000/60/CE).
Apesar da sua importância e vulnerabilidade, as fontes naturais continuam a ser um dos habitats mais inexplorados e biologicamente desconhecidos. Praticamente nem foram desenvolvidos estudos para compreender a sua ecologia e as funções que desempenham à escala do ecossistema. Finalmente, não há experiência ou conhecimentos adequados para empreender a recuperação ecológica plena e integral de fontes ou sistemas fontanais.
Em consequência do que precede, é evidente que a conservação do ecossistema fontanal deve converter-se num desafio de primeira ordem e da máxima urgência. Para isso, será necessário alertar, sensibilizar e envolver decisivamente administrações públicas, comunidade científica, gestores e técnicos, bem como a todos os grupos de interesse, incluindo entidades conservacionistas e proprietários de terras.
De certa forma, este é o objetivo principal do Primeiro Simpósio Ibérico de Conservação de Ecossistemas Fontanais (SICEF). A sua dinamização é motivada pela necessidade de criar um cenário ibérico que reúna todos os especialistas, agentes e administrações envolvidos na conservação das fontes naturais e no qual se possam apresentar avanços no estudo e conhecimento, recuperação e gestão dos sistemas fontanais mediterrânicos. Deve igualmente constituir-se num fórum de debate para promover estratégias de conservação do habitat em todos os sectores e escalas territoriais.
Os relevos salientes dos principais eixos montanhosos albergam os sistemas fontanais mais relevantes e melhor conservados da Península Ibérica Mediterrânica. Estes domínios estão maioritariamente integrados em espaços naturais, sujeitos a diferentes regimes jurídicos. Torna-se evidente que a existência destes espaços constitui um elemento de oportunidade de primeira ordem para articular melhorias urgentes e diretas na conservação do habitat. Esta é precisamente a razão pela qual este primeiro simpósio irá centrar particularmente o debate em torno do papel que os espaços naturais mediterrânicos deverão desempenhar na conservação do ecossistema fontanal.
O Simpósio apela à participação das administrações e agências públicas, centros de investigação e entidades envolvidas na proteção jurídica e planeamento do ciclo da água, da biodiversidade e do património cultural, e nomeadamente a:
1 - Responsáveis e técnicos das administrações públicas estatais (D.G. da Água, confederações hidrográficas, D.G. da Biodiversidade e Qualidade Ambiental) autonómicas ou regionais (agências da água e serviços centrais com competências em biodiversidade).
2 - Responsáveis e técnicos de serviços centrais de planeamento de espaços naturais, bem como de entidades gestoras de espaços naturais (conservação, uso público, etc.), aos quais o SICEF19 é dirigido de uma forma especial.
3 - Técnicos de meio ambiente da administração local (provincial, distrital e municipal).
4 - Cientistas que desenvolvem a sua atividade nas áreas das alterações climáticas, da hidrogeologia, da ecologia fluvial e da biodiversidade aquática e terrestre.
5 - Especialistas, estudiosos e investigadores na área do património cultural, etnográfico e arquitetónico relacionado com as fontes.
6 - Entidades ambientais e culturais.
7 - Proprietários de fontes naturais e outros grupos de interesse.
Segunda-feira, 10 de junho
SESSÃO DA TARDE
La Pedrera - Casa Milà
16:00 - 19.30
ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS E HIDROGEOLOGIA
Terça-feira, 11 de junho
SESSÃO DA MANHÃ
Palau Robert
09:30 - 14:00
BIODIVERSIDADE E ECOLOGIA FONTANAL
SESSÃO DA TARDE
Palau Robert
16:00 - 19:30
PATRIMÓNIO E USO PÚBLICO
Quarta-feira, 12 de junho
SESSÃO DA MANHÃ
Palau Robert
09:30 - 14:00
CONSERVAÇÃO E GESTÃO DE SISTEMAS FONTANAIS EM ESPAÇOS NATURAIS
SESSÃO DA TARDE
Palau Robert
16:00 - 18:30
DESAFIOS DA CONSERVAÇÃO: DA PROTEÇÃO JURÍDICA À GESTÃO